A Barraca do Beijo é um delicioso respiro de simplicidade em um mundo complexo

O mundo tem ficado cada vez mais complicado. O colégio nunca mas foi visto da mesma forma depois do intenso 13 Reasons Why, que trouxe temas sérios, complexos e marcantes para a sala de estar das pessoas. E talvez como um antídoto a isso, uma antítese à toda seriedade, a mesma Netflix resolveu lançar "A Barraca do Beijo", comédia romântica adolescente que virou um hit imediato, ou ao menos um filme que alguns amam e outros amam odiar.
Nesse divertido filme, um menino e uma menina são melhores amigos desde o berçário, e crescem juntos de maneira inabalável, até que as paixões entram em cena. Dizer mais que isso, ainda que o próprio trailer assim o faça, é estragar a jornada. Comédias românticas, e ainda mais quando se trata de romante adolescente, dificilmente vão ter algo de novo a dizer no mundo. Mas como diria Renato Russo, quais são as palavras que nunca são ditas? E não precisa ser novo para ser bom, ser divertido, entreter. E é na forma de entreter que o diretor Vince Marcello aposta suas fichas nessa adaptação da obra literária. 
Bem ou mal, qualquer comédia romântica depende muito mais da química dos protagonistas do que qualquer outro fator. E na aula de química, Joey King e Jacob Elordi tiraram nota dez. O romance se desenvolve da mesma forma que o enredo do filme: ainda que óbvio, com algumas surpresas e muitas situações engraçadas. Destaque para uma cena que se passa no banheiro masculino, quando a adoravelmente desastrada protagonista sem querer invade o banho dos atletas e é salva pelo crush. Essa cena é muito marcante pois ao invés de destacar o instinto predatório que marca 13 Reasons Why, ganha força aquela descoberta da sexualidade como algo divertido e natural, como a vida deveria ser. Aquela pitada de atrevimento sem maldade que faz todo jovem se descobrir, aquele tanto de rebeldia saudável que lembra o clássico Vivendo a Vida Adoidado. 
Essa tônica jovial talvez seja o motivo do grande sucesso do filme, pois simplesmente é gostoso passar noventa minutos assistindo a algo mais bobinho, sem tanta malícia, na qual a maldade quase fica de fora de set de filmagens. Cansado de tanta maldade, o expectador passa por uma jornada colorida, com muita música, produzida com transições rápidas e ritmo certo, afinal o público alvo principal do filme não consegue passar por muito tempo sem olhar suas redes sociais, a não ser que algo chamativo esteja rolando. E isso que o filme entrega, uma sequencia ininterrupta de momentos divertidos, ainda que se profundidade. Era o que o público queria e precisava, tanto que já está sendo discutida a sequência. Que venham mais filmes assim. E feliz dia dos namorados. 

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