Marvel entrega o fruto do planejamento de uma década em filme de ritmo intenso, história fiel e muita intensidade.

Em 2008 foi lançado Homem de Ferro, dirigido por John Favreau. E algo interessante aconteceu ao final dos créditos: uma cena fora do filme, que ligava o enredo a outro longa, ainda por ser lançado. E assim era criada uma forma de fazer cinema que ligaria um filme a outro, tecendo diversos enredos diferentes em um mesmo universo, uma trama de histórias comuns. Era a chamada fase 1 da Marvel, que culminaria no primeiro Vingadores, juntando todas essas histórias.

Dez anos depois, após explorar a Terra, o Céu e até os Deuses, a Marvel resolve finalmente colocar tudo junto em um grande filme. Quase 40 protagonistas unidos por uma grande causa, ainda que não saibam: derrotar Thanos, o Titã Louco, que tem por finalidade acabar com metade da população do universo, o que ele acredita ser uma causa nobre. Nos quadrinhos, esse genocídio massivo tem a ver com seu amor pela morte e uma oferenda. Nas telas, mais um ato classificado como humanitário por ele mesmo.

Qualquer expectador que viu o trailer, leu os quadrinhos ou mesmo viu os demais filmes da Marvel sabe o que esperar: a busca pelas Jóias do Infinito, gemas que sintetizam e concentram aspectos primordias e essenciais da criação: realidade, poder, alma, tempo, mente e espaço. A maioria delas já havia sido apresentada nos filmes, então o trajeto da busca é claro e assim, parte das batalhas se torna previsível. 

Dizer qualquer coisa: se algum personagem morre, se as aspostas foram mais ou menos certeiras, e qual o resultado da busca do vilão é estragar a surpresa. Melhor é dizer que o filme segue um ritmo muito intenso, alternando as cenas e personagens com uma maestria e astúcia interessante. Conexões absolutamente inéditas se tornam claras e fazem sentido sem qualquer contexto prévio, de forma que até as piadas anteriores de cada filme ajudam a contextualizar as interações. Nada, absolutamente nada foi ao acaso nesses 10 anos e quase 20 filmes.

Muitos citam Dr. Givago como a maior obra já adaptada para as telonas, outros tantos mencionam Senhor dos Anéis. Mas o que os irmãos Russo fizeram foi digno de nota: dividir o tempo de tela com parcimônia entre tantos heróis e personagens de interesse, e ainda achar espaço para o resgate de alguns outros e até mesmo uma ou outra introdução. Bravo. E tudo isso usando alguns dos diretores dos outros filmes como produtores desse, mantendo a integridade dos personagens em suas reações e atuações.

Ainda que com bela fotografia, não há espaço para muito mais elementos cênicos: existe enredo, existem os atores e tudo vai acontecendo com cortes rápidos.  E aos poucos alguns personagens se destacam dentre os demais, conforme a busca e as batalhas se desenrolam. E finalmente o poder combinado dos heróis é posto à prova por um vilão desafiador e incansável.    

Guerra Infinita é bom demais. Parece teatro, uma ópera dividida em duas partes das quais só vimos a primeira, dentre risos, lágrimas, sensção de perda, esperança, enfim, tudo aquilo que caracteriza a experiência humana, sendo o ápice da Marvel e do cinema de ação na última década.

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