Han Solo é capaz de divertir, sem acrescentar muita coisa

Han Solo sempre foi um personagem cativante. Nada mais esperado do que ele ganhar seu momento solo (sem trocadilhos), explorando sua origem, especialmente depois da compra da Lucas Films pela Disney, que além dos novos filmes do cânone, resolveu inovar com filmes de expansão do seu universo, a linha "Uma História Star Wars", estreada em Rogue One e agora complementada por Han Solo.
Mas o maior motivo para se haver um spin off era também a maior fragilidade: achar um jovem ator que tivesse todo o carisma de Harrison Ford, que acabou por roubar a cena com sua atuação já clássica de bandido de bom coração. E isso determinaria o sucesso ou o fracasso do filme, que infelizmente caminha a passos largos para o segundo, e infelizmente boa parte disso cai nos ombros do dedicado mas limitado ator Alden Ehrenreich, que claramente estudou os trejeitos e frases clássicas, mas que nada acrescentou ao personagem, correndo o risco de cair no esquecimento como os intérpretes de Anakin Skywalker fizeram.
Se a escalação do ator principal foi equivocada, o mesmo não pode se dizer dos demais: Donald Glover consegue convencer como um jovem Lando, e o apoio de atores como Paul Bettany (sempre melhor como vilão do que como herói), o versátil Woody Harrilson que extraiu o melhor de seu personagem, e a eterna Khaleesi, sempre com uma atuação sólida e que aqui faz um misto de ternura e força, combinando seus papéis em Game of Thrones e Como Eu Era Antes de Você.
O bom elenco de apoio faz com que o filme seja assistível, e até mesmo razoável, se for encarado como um filme autônomo, isso porque não bastasse o erro com o protagonista, o diretor Ron Howard, brilhante em outras ocasiões, não trouxe nada de especial ao longa, dirigindo de forma burocrática e enfadonha, ainda por cima cedendo ao caminho mais fácil de simplesmente construir um filme de trás para frente: ele já tinha um personagem consolidado, tudo o que teve que fazer foi desconstruir esse personagem para que tudo se encaixasse sem esforços: a parceria com Chewie, o sonho de ser piloto, sua desconfiança clássica, a rapidez no gatilho, seu código de honra. Ainda que essa fórmula entregue alguns momentos de puro "fan service", como o circuito Kessel em 12 parsecs, os dadinhos dourados, a conquista da Falcon e até mesmo a primeira vez que Han e Chewie pilotam juntos, são emoções baratas e que em nada contribuíram para construir o personagem, tampouco explicam qualquer lacuna dentre as muitas existentes no cânone, se transformando assim em um passatempo divertido mas facilmente esquecível, para fãs ou não.

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